Às vezes quando aprendemos certas coisas desaprendemos outras.
Ainda muito jovem aprendi a deglutir o choro.
Aprendi a parecer indiferente,
A transformar as lágrimas e o bolo na garganta em aparente frieza,
Aprendi a parecer Forte!
E, então, desaprendi a chorar,
A reconhecer aquilo que me machuca,
A traduzir a dor.
Como se houvesse perdido um arco reflexo,
Conseguia deixar a mão no fogo sem notar que ela queimava.
Hoje, perdi minhas mãos
E para que não perca também os pés,
Busco reaprender a arte de traduzir a dor.