terça-feira, 30 de abril de 2013

De cantar

Peço algum tempo
Parado no canto

Ao som do ventilar
Ao fundo da parede branca

Peço um momento
Pra decantar

Ao tempo parado
do campo

Água parada
Ao fundo areia branca

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Chile

Escalei montanhas
Subi em árvores
Colhi maças,
ameixas, amêndoas

Falei com cachorros
com vacas, cavalos,
com cabras

Mergulhei em quentes piscinas
Nelas derreteram-se os medos
Atirei-me na poça fervente
como quem pula em plumas

Estiquei limites
Enlacei amizades
Enfeitei os laços
com pedaços de lã colorida

Provei das mais doces uvas
Bebi vinho
Comi pimenta









terça-feira, 16 de abril de 2013

Ao líquido retornarás

Aos cinco anos
Ela viu a vida
se liquefazer
em tons escarlate

Noventa e cinco anos
liquefeitos em cinco minutos

Desde então
o vermelho lhe dá o tom
E ela se ruboriza
sempre que a vida
se aproxima
ou se afasta

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Incômodos anônimos

Sinto o peso de um adeus antecipado
O adeus que acena um porvir

Os olhos antecipam certas palavras
Mas o coração bate apertado
fingindo saber de nada

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Dos jogos

Dos jogos preferiros:
Aquele que quebra-cabeças
e cola-corações

Aquele que embaralha números
e destrona reis e rainhas




terça-feira, 2 de abril de 2013

Sobre os que não querem nada

Eles não querem nada!
É o que dizem,
Tão pequenos e já quase monges zen
Eles querem, querem muito...
Pequenos corpos carregados de história
Protagonistas de um filme esquecido em prateleiras empoeiradas
Repleto de cenas de terror, ação, volúpia
Desinteressados na história de atores quase ficcionais, 
estranhos, distantes, muito distantes
de outro mundo, um velho mundo
que não subjuga
que premia 
apenas aqueles das prateleiras sem pó